Transcontinental

seu nome esconde uma guerra
enquanto seus olhos declaram paz
me derruba ao contrário
no que me desfaz

sua língua faz as minhas placas tectônicas
dançarem como tartarugas
explodir o teto do que é concreto

e então tudo vira fogo e lava
que lava
e atenta contra as sociedades pacíficas
que nos margeiam

os montes aos montes

não somos ilhas paradisíacas
navegamos bem lentamente
rumo ao desconhecido
e já não podemos parar

nau somos

correntes marítimas
despistam viajantes
e libertam a vida de antes
peixes-espada, seres de nada e outros gigantes
que nos baleiam.

são ventanias que fazem chover
em algum lugar do mundo
e chegaram aqui como ondas tsunâmicas
trombas d’água nas cachoeiras
que fazem sumir com os turistas
e afogam as terras à vista

para acordar em plena vida
neste plano caótico
novamente

um ovo de uma espécie nova
no agora
e no sempre

o doce lar
vira o viver no veneno
que faz arder em febre
e sonhar com o eterno

não existe o silêncio
só o som distante
que ainda não podemos perceber

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